Cefalometria 3D

Já demonstrei pra vocês que cefalometria é fácil. E cefalometria 3D, você já ouviu falar?

O traçado cefalográfico tradicionalmente é feito sobre imagens radiográficas (telerradiografias em norma lateral), ou seja, em 2D. Os princípios ideais de uma imagem radiográfica incluem a determinação da anatomia, considerando a localização espacial, tamanho, forma e relacionamento com as estruturas anatômicas adjacentes. Várias análises de diagnóstico foram criadas com base em imagens 2D: Tweed, Downs, Steiner, Ricketts, Jacobson, WITS, McNamara, etc..

Cefalometria 3D

Porém a cefalometria 2D tem limitações, conhecidas e documentadas desde a sua introdução. A radiografia é uma representação bidimensional de um objeto tridimensional, o que quer dizer que as estruturas que compõem a imagem são projeções, que sofrem alteração dimensional diretamente proporcional à distância que estão do filme. Por isso mesmo, não há uma sobreposição exata das imagens do lado esquerdo e direito do plano sagital médio, então a marcação dos pontos de interesse é feita na “média” dessas imagens. Outro problema é a dependência direta de uma adequada aquisição das imagens – inclusive com relação ao posicionamento do paciente-, já que o traçado cefalométrico 2D pode ser alterado pela magnificação e distorção das radiografias.

Por outro lado, a tomografia computadorizada obtém medidas reais, e a imagem espacial de cada estrutura anatômica pode ser observada. É como ter o crânio do paciente em mãos 🙂 . Além disso, é possível observar assimetrias no terço médio da face e na base craniana, o que é praticamente impossível de se observar numa radiografia.

Ok… então me ensine a fazer um traçado cefalométrico 3D! É que não é bem assim… existem vários centros de pesquisa no mundo que ainda estão trabalhando no desenvolvimento de análises cefalométricas tridimensionais, nos Estados Unidos, Bélgica, Coréia do Sul, etc.. No Brasil, a Faculdade de Odontologia do Estado de São Paulo (FOUSP) é um importante centro de pesquisa, sendo pioneiro na América Latina na utilização de tomografias computadorizadas para a obtenção de medidas craniométricas e cefalométricas.

As imagens para a realização da cefalometria 3D podem ser obtidas de maneiras diferentes. Os softwares permitem janelas de manipulação que mostram imagens semelhantes às telerradiografias em normas lateral e frontal, porém com medidas reais, sem magnificação nem distorção. Até que os métodos de cefalometria 3D estejam bem estabelecidos, é possível exportar essas imagens e fazer o traçado cefalométrico convencional. A vantagem está no fato de que a demarcação dos pontos e planos de referência (quantos forem necessários) se dá diretamente nas reconstruções 3D ou nos cortes, de onde se obtêm medidas lineares, angulares e volumétricas reais.

Os vídeos abaixo são ótimos pra se entender como a marcação dos pontos cefalométrico é feita. Veja:

Sugestão de livro sobre o tema (de onde saíram as informações que você leu aqui): Diagnóstico 3D em Ortodontia (Mauricio Accorsi e Leandro Velasco) – Editora Napoleão. Eu tenho o livro – autografado, desculpaê – e recomendo. 🙂

Playlist no You Tube com os vídeos sobre cefalometria 3D que você assistiu aqui e muitos outros.

Obrigada ao Tio Dentista pela dica dos vídeos. 🙂

Compartilhe:

Na câmara escura: Ana Tokus

Cirurgiã-dentista graduada pela Universidade Federal do Paraná, especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia pela ABO-PR. Também autora dos blogs Medo de Dentista e OdontoDivas. Veja todos os posts de Ana Tokus
posted: Cefalometria, Em Destaque | tagged: , , , , ,

Envie um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


*