Pra você que tem menos de 30 anos de idade, LP é a sigla de longplay, os famosos discos de vinil.
Na década de 1950 a vida dos apreciadores da música na Rússia não era nada fácil. Os artistas locais tinham dificuldades em se apresentar e qualquer som do ocidente era proibidão. Mas o jazz e o rock’n’roll tavam comendo soltos do lado de cá, e a galera da União Soviética decidiu não ficar fora dessa.
A solução foi pegar radiografias descartadas no lixo de hospitais e copiar a música na película, que virava uma espécie de vinil com um lado só. O piratão não tinha um som bem definido, mas funcionava. E ainda tinha esse visual true de ossos e órgãos. Cool.
A escritora Anya von Bremzem explica que, para finalizar o disco, se cortava a radiografia em círculo com tesourinhas de manicure e depois abria-se um buraco no meio com a brasa de um cigarro. “Você tinha Elvis nos pulmões e Duke Ellington no cérebro da tia Masha. Música ocidental proibida no interior de cidadãos soviéticos”.
A brincadeira acabou em 58, quando o governo descobriu as “músicas osso” e começou a monitorar o descarte das radiografias e prender quem era encontrado com os discos piratas.
As fotos dos discos são do húngaro Jozsef Hajdu. Além do material russo, Hadju também encontrou arquivos de som impressos em películas radiográficas descartadas no Museu Postal da Hungria. O motivo das gravações, no entanto, era outro: a escassez de matéria prima durante a Segunda Guerra Mundial.
Dica do Tio Dentista. 🙂